Sem reajuste e fim do “vale-peru”, funcionários dos Correios ameaçam greve nacional.
- Vozes de Brasília

- há 6 horas
- 2 min de leitura

Brasília — Os quase 80 mil trabalhadores dos Correios intensificaram nesta semana a pressão sobre a direção da estatal e o governo federal diante do impasse nas negociações trabalhistas. A categoria ameaça deflagrar uma greve nacional já na próxima terça-feira (16), caso não haja avanços concretos em pautas consideradas essenciais, como reajuste salarial pela inflação e a manutenção do benefício de fim de ano conhecido como “vale-peru”.
O clima de insatisfação explodiu depois que as conversas entre sindicatos e a direção da empresa — mediadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) — não resultaram em propostas capazes de atender às demandas dos trabalhadores. A estatal apresentou apenas a prorrogação do atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) até fevereiro de 2026, sem reposição salarial, sem reajuste pelo índice inflacionário e sem pagamento de vale-refeição extra neste ano.
O chamado “vale-peru”, pago em anos anteriores como gratificação de fim de ano no valor de R$ 2.500 por funcionário, foi retirado das negociações devido à piora nas finanças da empresa. Em 2024, esse benefício consumiu cerca de R$ 200 milhões, mas não deverá ser repetido em 2025 em meio à crise fiscal que já levou a estatal a registrar um prejuízo acumulado de mais de R$ 6 bilhões.
Crise financeira e insatisfação
O impasse ocorre em meio ao esforço dos Correios para reverter a grave situação econômica da empresa, que enfrenta sua maior crise histórica. A direção tenta viabilizar um empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões junto a bancos, com garantia do Tesouro Nacional, para reforçar o caixa e evitar um colapso nos pagamentos e nas operações. Porém, negociações com instituições financeiras ainda estão em curso e sem um desfecho claro.
Representantes dos trabalhadores avaliam que, diante da falta de propostas que recompõem as perdas inflacionárias e a retirada de benefícios historicamente negociados, a categoria não tem outra alternativa a não ser pressionar com uma paralisação nacional. “Os trabalhadores não podem sofrer pelas consequências de administrações desastrosas que levaram os Correios a este buraco”, afirmou um dirigente sindical em Brasília.
Assembleia e próximos passos
Sindicatos estão convocando assembleias regionais e mantêm a data de 16 de dezembro como possível início de greve, caso o acordo não seja revisto. A direção dos Correios, por sua vez, afirma que permanece aberta ao diálogo, mas ressalta que as decisões precisam respeitar a realidade fiscal e o plano de reestruturação da empresa.
A situação monitora a evolução da crise no serviço postal mais tradicional do país e pode afetar profundamente não apenas o cotidiano de milhões de brasileiros, mas também a logística de encomendas e entregas em um período já elevado de demandas do fim de ano.



